Os homens não cultivam o hábito de visitar regularmente o consultório médico, o que acaba por se tornar um agravante na descoberta tardia de doenças, sendo que entre elas, uma das que mais acometem o sexo masculino é o câncer de próstata. Com o foco de conscientizar homens sobre a importância da prevenção e diagnóstico da doença, entidades médicas em todo o mundo iniciam neste mês a campanha Novembro Azul.
O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia - Secção Piauí, Giuliano Aita, explica que a cada seis homens, um vai desenvolver a doença. No entanto, o profissional esclarece que se diagnosticado cedo o índice de cura da neoplasia é de 90%. Caso isso não ocorra, o índice reduz drasticamente.
“A campanha tem como objetivo a conscientização para a saúde masculina e, principalmente, as doenças causadas pela próstata. Mas, além disso nosso objetivo é chamar atenção para a saúde do homem que historicamente tem altos registros de mortalidade em todas as faixas etárias”, destacou.
Para este ano, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 69 mil casos novos sejam registrados em todo país o que deve acarretar em 12 mil mortes em decorrência da doença, tornando-se a quarta causa de morte por câncer no Brasil. O médico afirma que muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com a prevenção.
“A gente faz um alarme para a saúde do homem. É essencial que façamos diminuir a ausência dos homens que procuraram o médico já que as estatísticas mostram que pessoas do sexo masculino vivem sete anos a menos do que as mulheres”, acrescentou.
Sintomas da doença demoram a aparecer
Segundo o urologista, uma particularidade do câncer de próstata é que ele não apresenta sintomas na fase inicial. Por isso é preciso realizar ações preventivas, pois quando os sinais começam a aparecer, a doença já pode está em estágio avançado. Para isso, é essencial que os homens façam exames periódicos de PSA (exame de sangue) e de toque retal.
Ele acrescenta ainda que os homens devem procurar o médico urologista a partir dos 45 anos e se houver algum caso na família e/ou apresentar algum sintoma é preciso buscar atendimento especializado imediatamente, independente da idade.
Além do fator genético, que corresponde a cerca de 5% dos casos de câncer de próstata, outros fatores como obesidade, sedentarismo, dietas ricas em gordura animal e pobre em vegetais se associam ao aparecimento de novos casos da doença.
O tratamento da doença pode ser feito através de medicamentos, sessões de quimioterapia, radioterapia, até cirurgias. O especialista adiantou que para definir qual tratamento seguir é preciso ter o diagnóstico, estágio da doença e o tipo de tumor do paciente.
RETRANCA: Ações são realizadas durante todo o mês
Um conjunto de ações será desenvolvido durante todo o mês de novembro para chamar atenção para a saúde do homem. Serão realizadas aulas expositivas direcionadas ao público masculino nos hospitais públicos de Teresina, assim como intervenções em locais públicos como o Parque Potycabana, além de orientação aos profissionais da saúde com informações sobre a doença.
“Nós também vamos participar de uma solenidade pública na Assembleia Legislativa do Piauí na próxima segunda-feira (16), como forma de ampliar o debate quanto à prevenção e os cuidados com a saúde do homem”, disseo urologista Giuliano Aita.
A Prefeitura de Teresina, por meio da Coordenação de Iluminação Pública, também participa da campanha Novembro Azul, e levou até a Ponte Estaiada uma iluminação especial, permanecendo na cor azul durante todo este mês para sensibilizar a população masculina sobre o câncer e conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce da doença.
A campanha também promove ações nas estradas, palestras em empresas e universidades, panfletagem em locais de grande circulação de pessoas, corridas de rua, blitz de saúde, ativações em estádios de futebol e ações em periferias.
Atenção e cuidados devem ser redobrados
Com um caso de câncer já registrado na família, o motorista Waldeir Sousa, 50 anos, revela que sempre foi preocupado com a sua qualidade de vida e bem-estar. No entanto, desde que completou 40 anos passou a visitar regularmente o urologista. Ele conta que a cada seis meses realiza exames de check-up e que nunca apresentou nenhuma alteração em seus resultados clínicos.
“Como trabalho à noite e perco sono sempre cuidei da minha saúde, além de me preocupar com minha alimentação e praticar atividades físicas. E depois que meu pai faleceu devido a um câncer no pulmão eu redobrei ainda mais os cuidados e o acompanhamento médico”, afirmou.
Waldeir Sousa diz que encara sem preconceito a necessidade de se prevenir contra o câncer de próstata e espera chegar a terceira idade com um bom condicionamento físico e a saúde estável. “Eu faço caminhada todas as manhãs, busco ter uma alimentação equilibrada e ir ao médico é uma obrigação da gente”, declarou.
Ele enfatizou que sempre aconselha seus amigos e parentes a procurem especialistas para que tenham conhecimento do estado de saúde “antes que seja tarde demais”. “Eu faço todos os anos e graças a Deus os resultados sempre deram normais”, pontuou.
Sobre a campanha
O Novembro Azul se tornou referência na missão de orientar a população masculina a cuidar melhor da saúde. O câncer de próstata atinge grande parte dos homens e, mesmo assim, ainda é um tema que enfrenta muitas barreiras. Quase 50% dos brasileiros nunca foram ao urologista.
O público-alvo da campanha, que é realizada durante o ano todo e tem seu ápice no mês de novembro, são homens a partir dos 45 anos de idade e grupos que participam do processo de prevenção e cuidados, como familiares e parceiros.
O objetivo é informar a população por meio de ações interativas, além de conscientizar sobre a importância da realização dos exames periódicos relacionados ao câncer de próstata, que é o segundo mais recorrente em brasileiros, perdendo apenas para o câncer de pele.
Em 2015, além da conscientização junto à população, o Novembro Azul atuará fortemente na esfera política, participando de ações no Congresso Nacional para debater sobre a dificuldade do acesso ao diagnóstico precoce da doença, o acesso ao tratamento e o direito ao tratamento multidisciplinar.