Andrea Murad terá que explicar uso de helicóptero em CPI a ser criada


John CutrimA deputada Andrea Murad (PMDB) poderá ter que explicar o uso de helicópteros, na campanha eleitoral, de uma empresa que mantinha contrato com o governo Roseana Sarney. 

De acordo com os blogs de Garrone e Marrapá, os deputados Rafael Leitoa (PDT) e Fernando Furtado (PC do B) já contam com 22 assinaturas (são necessárias apenas 14 assinaturas) e devem encaminhar nesta terça-feira um pedido de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as diversas denúncias – muitas delas feitas em plenário – sobre desvios dos recursos da Saúde na administração Ricardo Murad, pai de Andrea, durante o regime Sarney.

A CPI investigará a reforma do Hospital Carlos Macieira, o hospital “fantasma”de Rosário, o Programa Saúde é Vida e o uso das aeronaves contratadas pela Saúde durante a campanha eleitoral passada.

De acordo com deputados da base do governo, há indícios de irregularidades nos contratos da Secretaria de Saúde do Estado com a PMR Táxi Aéreo e Manutenção durante a gestão de Ricardo Murad, pai da deputada Andrea Murad, acusada de usar aeronaves desta empresa bem como a estrutura da Saúde na campanha eleitoral.

Caso seja instalada a CPI, a deputada Andrea Murad deve ser convocada a explicar o ponto principal da denúncia, atinente aos pagamentos cruzados à empresa que prestava serviços para a secretaria de Saúde e a participação dela na sua campanha. Existe a denúncia de que a filha de Ricardo Murad recebeu em doações R$ 120 mil da CCP Pavimentações, pertencente ao dono da PMR, empresa que prestava serviços para a secretaria de saúde e locava os helicópteros usados por Andrea na eleição.

As aeronaves à disposição da Secretaria Estadual de Saúde (SES) não poderiam, por força de contrato, ser utilizadas para outras finalidades além do transporte de doentes, de equipes técnicas e de materiais hospitalares; nem ser locadas a terceiros.

E para aumentar ainda mais as suspeitas, a doação feita à campanha de Andrea Murad ocorreu um dia após a secretaria de Saúde pagar uma fatura da PMR no valor de R$ 411 mil. Deduz-se que pagaram de um lado e receberam do outro. Isso deverá ser investigado na CPI.

Hospital fantasma de Rosário

A CPI a ser instaurada deve investigar indícios de irregularidades em contratos, fraudes em licitações, superfaturamentos, obras fantasmas e outras diversas possíveis irregularidades da gestão da Saúde na administração do ex-secretário Ricardo Murad.

Entre as supostas irregularidades, está também o desvio de R$ 4,2 milhões em hospital fantasma em Rosário. O hospital com 50 leitos deveria ter sido entregue em maio deste ano, mas no local inexiste a obra. Há apenas um terreno com tapume, segundo denúncia do jornal O Imparcial.

O canteiro de obras foi abandonado em setembro de 2014 pela empresa Ires Engenharia Comércio e Representações Ltda. Mesmo com os vários problemas e sem a aprovação do BNDES, a empresa recebeu durante a gestão de Ricardo Murad o pagamento de R$ 4,8 milhões.

A Ires aparece como doadora da campanha eleitoral de 2014 de parentes de Ricardo Murad. Para a filha dele, a deputada Andrea Murad (PMDB), foram depositados R$ 60 mil pela Ires Engenharia Comércio e Representações apenas sete dias depois do pagamento de R$ 3,12 milhões feito pela Secretaria de Saúde, no dia 17 de novembro do ano passado. Para o genro de Ricardo Murad, o deputado Sousa Neto (PTN), foram depositados R$ 40 mil.