Fantástico usa ex-prefeito do Maranhão como exemplo de corrupção eleitoral

Idelzio Oliveira e mais quatro auxiliares foram condenados por desvio de verbas públicas e por compra de votos na cidade de São Pedro da Água Branca.

saopedro

O programa “Fantástico”, da Rede Globo, usou o ex-prefeito Idelzio Gonçalves de Oliveira, o Juca, do município de São Pedro da Água Branca (cerca de 700 km de São Luís) como exemplo de corrupção em reportagem sobre o funcionamento do esquema de compra de votos no Brasil.

O ex-prefeito Ildezio e mais quatro auxiliares Edilane Pereira do Nascimento (esposa do ex-prefeito e secretária de Educação no município à época), Thallis Gonçalves de Oliveira (filho do ex-prefeito), Jaider Barbosa Duarte e Maria Betânia dos Santos Duarte foram condenados em maio passado pelo juiz Delvan Tavares pelos crimes de apropriação indébita, desvio de verbas públicas e corrupção eleitoral.

Os crimes foram cometidos nas eleições municipais de 2008 e descobertos por causa de uma operação da Polícia Federal, chamada de Abutre Eleitoral. A PF passou as informações ao Ministério Público, que entrou com Ação Penal em 2010.

O Fantástico mostrou que os moradores de São Pedro da Água Branca sentem na pele os efeitos das falcatruas eleitorais. “No momento, aqui tá faltando um bocado de coisa. Tá faltando a merenda dos meninos que estão cobrando de nós e não temos”, conta Francisca Isaura Araujo, zeladora de uma escola.

Um levantamento feito por cinco escolas do município de São Pedro da Água Branca revelou que em 2008 houve a maior evasão escolar do Estado do Maranhão. Naquele ano de eleições municipais, 35% das crianças abandonaram as salas de aula porque não tinham o que comer na hora do recreio. Ou seja: um terço dos alunos simplesmente deixou de estudar. De acordo com a denúncia do Ministério Público, acatada pela Justiça, o dinheiro que era da merenda escolar, que deveria ser gasto nas cantinas das escolas, foi usado para comprar votos.

“As investigações conseguiram demonstrar que foram feitas diversas transferências bancárias com recursos públicos para conta da campanha”, ressalta a promotora Raquel Chaves Duarte.

O Fantástico foi atrás do ex-prefeito Idelzio Oliveira, o Juca, mas não o encontrou. Ele também não foi encontrado pelo oficial de Justiça que há duas semanas tenta informá-lo da condenação: nove anos e seis meses de cadeia.

“Tem vez que passa semana aqui sem merenda”, revela o estudante Emerson Conceição. “A gente não estuda direito com fome”, afirma o estudante Artur Coelho.

De acordo com relatório elaborado pela Controladoria Geral da União, em análise apenas das operações de maior relevância, os esquemas de corrupção desviaram R$ 70 mil para a conta da campanha do prefeito Idelzio Gonçalves Oliveira, além de indicativos de depósitos e transferências bancárias irregulares que somam R$120 mil, totalizando R$190 mil em desvios.

Idelzio ainda foi pego com quase R$ 300 mil em dinheiro, em uma blitz realizada em data próxima às eleições, valor que foi desviado do repasse do Fundo para a Educação Básica (Fundeb) para o município.

O dinheiro foi utilizado para comprar materiais de construção que serviriam de troca por votos e para abastecer veículos particulares dos possíveis eleitores do grupo. Os desvios eram feitos principalmente dos repasses feitos pelo governo para investir em educação e do dinheiro que deveria ser utilizado para efetuar o pagamento de salários dos funcionários do município.

LIVRO

A reportagem do Fantástico foi baseada no livro “O Nobre Deputado”, do juiz maranhense Marlon Reis. Para escrever o livro, ele ouviu histórias reais de mais de 100 pessoas que transitam no mundo político. Entre elas, um ex-deputado federal que vai se candidatar novamente nessas eleições. O programa também ouviu dois assessores parlamentares.


Veja a íntegra da reportagem

Do Maranhão da Gente