Espionagem, delírios e apologia à barbárie

Foi uma semana surreal na política maranhense, dessas que expõe a dimensão do estado de decrepitude moral e política do grupo controlado pelo senador José Sarney.
Delírios desesperados:
Roseana-roendo-unha-318x350Em Coroatá, o secretário de saúde Ricardo Murad disse a centenas de pessoas que a saúde pública do Maranhão se equivale a da Inglaterra. O delirante discurso do titular da SES é chocante, sobretudo pelo tom da mais pura sinceridade que ele tenta evocar ao discursar efusivamente, nomeando o próprio desatino de “SUS Britânico”. É o delírio introjetado desesperadamente para mascarar a dura realidade da farsa dos 72 hospitais.
Menos delirante, mas não menos desesperada, a governadora Roseana Sarney busca desfazer a tragédia anunciada da construção de 72 hospitais, apelando grosseiramente ao ministro da saúde, Alexandre Padilha.
Em tom ríspido, a governadora praticamente exigiu que o ministério da saúde gere uma sangria orçamentária para socorrer o enrolado governo maranhense. É que os prefeitos deram com a língua nos dentes e denunciaram que os hospitais inaugurados por Roseana e Ricardo, não passam de elefantes brancos sem a mínima estrutura física e humana para atender pacientes.
Quando a barbárie é vista como normalidade:
Após a passagem do presidente da Embratur, Flávio Dino, pela Baixada Maranhense, os aliados do governo – em tom de indignação – condenaram a presença de lideranças políticas do município no movimento Diálogos pelo Maranhão em Pinheiro. Flávio reuniu na mesma mesa, líderes que fazem oposição entre si na cidade.
Perceba-se: não se trata da denuncia de algum acordo espúrio entre Flávio e os líderes locais, até porque isso não ocorreu. Trata-se de estranhar um gesto de civilidade, a essência da lógica política desde que ela foi substituída pela barbárie medieval.
Como se sabe,  a política existe para que em vez de se matarem, os homens dialoguem, façam acordos e se entendam  em nome do bem comum. Algo já consolidado em todas as democracias modernas.
Mas, na ótica dos aliados do sarneyzismo, o normal é a velha política de província, onde líderes locais se engalfinham eternamente pelo controle do eleitor, visto por essa gente como gado cego e incapaz de reflexão.
Espionagem confessada sem constrangimento:
Na segunda-feira (15) o deputado Simplício Araújo (PPS), em discurso no plenário da Câmara dos Deputados, denunciou que pessoas ligadas ao grupo político do senador Sarney estariam gravando conversas para depois utilizá-las como forma de chantagem.
 Dois dias depois, o editor de política do jornal O Estado do Maranhão, publicou em seu blog, matéria informando possuir “extrato de mensagens eletrônicas” que supostamente teria interceptado correspondência de dirigentes do PCdoB.
Em nota de repúdio, o PCdoB chamou atenção para o fato de que monitoramento sem autorização judicial é o ato de ilegalidade, algo  que parece óbvio à luz do estado de direito, mas que é solenemente ignorado na lógica autoritária do grupo que comanda o estado. Tanto é assim que confessaram o crime sem o menos constrangimento.
É grave o que está acontecendo no Maranhão e todos devemos nos perguntar: se as coisas já estão nesse nível, a 15 meses da eleição, o que será que pode acontecer quando estivermos próximos de decidir quem será o próximo a governar o estado?