Grupo de Eike descobre gás no Maranhão

Após o anúncio da descoberta de reserva estimada em até 15 trilhões de pés cúbicos de gás natural no Maranhão, o presidente do grupo EBX, Eike Batista, afirmou que o campo equivale a "meia Bolívia" e que suprirá 25% da demanda brasileira pelo insumo. A reserva foi encontrada pela MPX e pela OGX, ambas do seu conglomerado, e está localizada na bacia terrestre do Parnaíba. Segundo Eike, a descoberta é tão importante que ele comunicou-a pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na manhã desta quinta-feira. "A Bolívia envia para o Brasil cerca de 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia. A nossa descoberta vai gerar metade disso", disse Eike.

O empresário afirmou que ampliará o número de poços que serão perfurados pela companhia, passando de cinco para 15, o que vai demandar investimentos de R$ 600 milhões a R$ 700 milhões, que virão do caixa próprio da OGX, hoje em torno dos US$ 3,4 bilhões. "O mais fantástico de tudo é que o gás está onshore, onde os custos são menores." Conhecido por captar bilhões em recursos no mercado acionário por meio de empresas não-operacionais, Eike negou que esteja pensando em vender parte da mineradora MMX, que quer transformar "em uma miniVale".

Pelas projeções, que o empresário fez questão de deixar claro que eram "suas e não da EBX", a produção diária seria de cerca de 15 milhões de metros cúbicos durante 40 anos. "Ainda há necessidade de fazermos outros testes e perfurarmos mais poços", comentou.

Eike Batista comemorou o fato de a descoberta ter sido feita em um estado do Nordeste, área que, segundo ele, carece de desenvolvimento. O empresário destacou o aspecto "transformacional" da exploração do petróleo no Maranhão.

"Esta descoberta é um tributo à inteligência brasileira. Em todo o processo, apenas brasileiros participaram disso. É uma área com muita riqueza. Vamos agregar valor à região e o gás vai ajudar a impulsionar isso." O diretor de Exploração e Produção da OGX, Paulo Mendonça, informou que o poço perfurado no local teve uma vazão de 400 mil metros cúbicos, oito vezes o volume esperado a partir das duas sísmicas que haviam sido realizadas na região. Pelas sísmicas, disse o diretor, foi indicada a possibilidade de perfuração de 20 prospectos nos cinco blocos que estão sob concessão da OGX na região.

"Nós somos uma companhia extremamente peculiar.

Não estamos atrás de um ou outro campo. Estamos em busca de novas províncias de petróleo e gás. Já perfuramos 15 poços em Santos, todos com descoberta", disse Mendonça.

De acordo com o executivo, o poço na Bacia do Parnaíba teve um custo de US$ 59 milhões, e ainda não atingiu maiores profundidades.

Ele afirmou que poucas vezes viu um teste como o realizado no Parnaíba, com a vazão, pressão e potencial encontrado no local. "Um teste de gás que resulte chama a partir de três metros é interessante, mas estamos falando de 15 metros de chama. Também sabemos que quanto mais profundo o poço, maior pressão apresentada.

Neste, já houve pressão estabilizada nos 10 metros." O presidente da MPX, Eduardo Karrer, comentou que a descoberta pode atender aos sete empreendimentos de termelétrica da EBX, que devem gerar 1.863 MW na Amazônia.

"Estamos caminhando este ano para obtenção da licença ambiental e buscamos parcerias mundiais para garantir maior segurança na combinação hidrotérmica", disse.

LUCRO . A OGX anunciou lucro líquido de R$ 57,8 milhões no segundo semestre, de acordo com resultado divulgado nesta quinta-feira. O valor mostra uma importante recuperação em relação ao mesmo período do ano passado, quando a empresa teve prejuízo de R$ 177 milhões.

De acordo com o comunicado ao mercado, a empresa afirma ter chegado ao lucro depois de reduzir em 95% as despesas financeiras em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 15,7 milhões. Segundo o diretor Financeiro da OGX, Marcelo Torres, a empresa tem posição financeira sólida para sustentar o período exploratório e o início da produção. No resultado, a companhia apontou ter terminado o segundo semestre com R$ 6,1 bilhões em caixa, ou cerca de US$ 3,4 bilhões.

O resultado financeiro líquido ficou positivo em R$ 135,5 milhões, puxado pelo rendimento de 105,5% em aplicações de CDI no período.

As atividades de exploração de petróleo tiveram geraram despesas de R$ 25,2 bilhões.

O valop r é duas vezes maior ao registrado no mesmo período do ano passado. No comunicado, a empresa aponta que o aumento está relacionado às atividades sísmicas na bacia do Espírito Santo e Parnaíba.

PREJUÍZO. A MMX registrou prejuízo líquido de R$ 42 milhões no segundo trimestre deste ano, ante lucro líquido de R$ 26,585 milhões. Pela primeira vez, a companhia apresentou Ebitda ajustado positivo, alcançando R$ 54,792 milhões, ante Ebitda negativo de R$ 40,030 milhões registrados no segundo trimestre de 2009.

Sem o ajuste, o Ebitda ficou negativo em R$ 208 mil, ante aos R$ 149,503 milhões negativos registrados no segundo trimestre do ano passado.

O balanço da companhia aponta ainda crescimento de 324% na receita bruta no período, que passou de R$ 48,363 milhões para R$ 204,930 milhões.

No balanço, o presidente da companhia, Roger Downey, ressaltou que a MMX "bateu recordes de vendas e de desempenho das operações nas minas em Corumbá e Serra Azul".

Daniel Cúrio