O SR. DOMINGOS DUTRA (PT-MA) - Sr. Presidente, Deputado Izalci, na semana passada, a mídia, alguns blogs, inclusive a revista Veja, noticiou que o Presidente Marco Maia, combinado com a Presidente Dilma, iria arrumar uma viagem internacional, para garantir que o Presidente do Senado assumisse, por 2 dias, a Presidência da República. Ainda segundo a mídia, esse arranjo era para homenagear o Presidente do Senado.
Eu, sinceramente, não acreditei que se pudesse utilizar a Presidência da República, o cargo político mais importante do Brasil, utilizando-se o chamado jeitinho brasileiro, para atender vaidades ou interesses pessoais.
É por esta e por outras que os políticos e o Congresso Nacional estão sempre em baixa perante a opinião pública.
Vivemos momento de crise; diante da Operação Porto Seguro; de novas denúncias do Sr. Marcos Valério; da derrubada do veto da Presidente Dilma sobre os royalties do petróleo; conflitos entre Estados por causa da distribuição dos recursos do pré-sal; julgamento da Ação Penal nº 470 e da possibilidade de o Supremo invadir a competência desta Casa no que diz respeito à cassação de Deputados Federais condenados com trânsito em julgado.
É justamente neste momento de crise, que o Presidente da Câmara inventa uma viagem, para prestar uma homenagem pessoal ao Presidente do Senado, entregando-lhe a Presidência da República.
Eu considero lamentável. Pergunto: o que o Presidente do Senado fez de clandestino, para merecer tanta reverência de petista e do Governo do PT, do qual faço parte?
À luz do dia, desconheço qualquer ação extraordinária do Presidente do Senado que justifique transformar a Presidência da República em um brinquedo.
Que dívidas são estas que o Governo do PT nunca termina de pagar?
O Presidente do Senado controla com mão de ferro os cargos federais no Maranhão e no Amapá; é proprietário do Ministério de Minas e Energia; indicou o Ministro do Turismo; tem diversos cargos espalhados em Brasília e em outros Estados; derrotou, com o consentimento do Presidente Lula, o ex-Senador Tião Viana; cassou o Governador Jackson Lago, com ação e omissão de muitos da República; apropriou-se do corpo e da alma do PT do Maranhão, mediante intervenção do diretório nacional, intervenção que foi vital para garantir o controle da oligarquia no controle do Estado do Maranhão; e agora se arranja um jeitinho para recolocar na Presidência da República um filho da ditadura, justamente no momento em que o Brasil se esforça para descobrir todos os crimes praticados durante o regime militar.
É por isso que mais uma vez eu pergunto: quando que o Governo do PT vai terminar de pagar esta dívida invisível? E é por isso que reafirmo que a relação de alguns petistas e do Governo do PT com o Presidente do Senado é igual ao trabalho escravo: quanto mais o Governo paga, mais a dívida cresce.
Na semana passada, Sr. Presidente, a Comissão de Direitos Humanos, que eu presido, a Comissão da Memória, Verdade e Justiça e a Câmara, presidida pelo companheiro Marco Maia, realizaram uma histórica homenagem nesta Casa, devolvendo simbolicamente os mandatos dos Parlamentares cassados pela ditadura.
O Deputado Marco Maia fez um belíssimo discurso naquela sessão, merecendo os aplausos do povo brasileiro. Mas agora, infelizmente, pisou na bola ao tentar reabilitar na Presidência da República uma figura que serviu à ditadura militar.
Sr. Presidente, fica o meu registro por esse fato. Como não houve desmentido, e ontem eu estava no meu gabinete quando o Presidente Marco Maia anunciou uma viagem, tudo leva a crer que foi uma viagem arrumada para garantir ao Presidente do Senado, Senador José Sarney, 2 dias na Presidência da República, segundo a imprensa, numa homenagem por serviço prestado, que, sinceramente, não vi por onde merecer a ponto de transformar a Presidência da República num brinquedo dessa magnitude.
Portanto, fica o meu registro, o meu lamento e meus protestos.
Durante o discurso do Sr. Domingos Dutra, o Sr. Izalci, § 2º do art. 18 do Regimento Interno, deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada pelo Sr. Dudimar Paxiuba, § 2º do art. 18 do Regimento Interno.
fonte: folhamaranhao.com